sábado, 22 de janeiro de 2011

Resposta a e-mail recebido no grupo Puro Sangue Lusitano

Como vai Nuno? Esta minha pergunta é para você como um grande estudioso dos esportes eqüestres que você é.
Antes da equitação de trabalho, com suas etapas, ensino, maneabilidade e velocidade, existia a doma vaqueira ou equitação a portuguesa, trazida ao Brasil pelo espanhol Samuel Alonso Ortiz, qual é a diferença entre esta duas modalidades? Qual seria melhor para os nossos cavalos? Qual a mais comercial?
Qual quer hora vamos marcar para bater um papo.
Um grande abração
Alfredo Martins

A RESPOSTA:

Alfredo, obrigado pelas considerações, mas devo encaminhar a pergunta para os outros participantes do grupo; por exemplo o Alexandre pode bem ajudar na resposta.

A doma vaqueira ainda existe na Espanha, ai a ligação com o mestre Ortiz, já a equitação portuguesa depois da criação da Equitação de Trabalho, nunca mais ouvi falar dela, nem aqui nem lá e as revistas que tenho a oportunidade de ler não mencionam nenhum material a esta modalidade.

ET é fruto de muito debates no seio do Lusitano, quase sempre produzidos. Pessoalmente vejo com bons olhos como modalidade formadora de cavalos e cavaleiros, introduzi-la em Escolas de Equitação pode ser um bom passo, assim como propor algum entendimento em termos nacionais com a Confederação Equestre Brasileira, o órgão máximo do cavalo em nosso país.

Ela hoje está entre a espada e a parede, cercada de gente míope que não enxerga um passo na frente e luta por interesses próprios. Profissionaliza-la, criar raízes técnicas e difundi-la por toda a América do Sul é o grande desafio, mas os indicares nos falam que isso não irá aconteçer, visto o ocorrido no México no ano de 2010.

Só existe no meu entender uma forma de a tirar da forca hoje; - Abrir para outras raças e tirar desta modalidade o comando operacional da ABPSL, como também toda a influência portuguesa que esta carrega deste sua implantação em nosso país já vai fazer 10 anos.

Recentemente nosso grupo fez dois negócios, um de 25 mil dólares e outro de 40 mil dolares em dois animais que foram feitos na ET. cavalos estes que não teriam a minima chance de vençer qualquer prova nos retangulos de Adestramento, mas infelismente são excessões ainda.

Caso fosse iniciar uma criação de cavalos PSL, certamente não focalizaria esta modalidade, pelos simples fato de não acreditar nas pessoas que estão na dianteira do "negócio". Básicamente, tirando o Orfeu (o qual tem interesses devido a seu filho ser praticante) e o Ito (por viver de administrar aulas desta modalidade entre outras), o resto é amador sem conheçimento da evolução dos esportes equestres em nosso país, como exemplo a ABHIR, um grupo de cavaleiros e atividade com certa coligação técnica e rural.

O que posso afirmar é que nenhuma modalidade que corre fora do "esquema" da CBH será igual a remar contra a maré, sempre estará marginalizada em termos "oficiais", etc. Sendo assim, como criadores devemos criar cavalos os quais "estão na moda" e buscar naqueles que tém sucesso nesta atividade o apoio e o respaldo técnico para nosso desenvolvimento. Todos sabemos quem são e todas sabemos quais os cavalos estão na "moda" na raça PSL. Este modismo tem tempo de duração, mas de certo este tempo será longo para os sobreviventes, para aqueles que visualizam que existe a mudança e buscarem na base a solução dos problemas e determinação na focalização a atingir.

Não basta irmos ali e comprar uma cobertura de X ou Y cavalo PSL de Dressage. isso nos dará 1/4 do percurso percorrido e teremos mais lá na frente de despajar no mercado este produto. O segredo de uma criação sempre foram as éguas e estas sempre serão o ponto de partida. Ontem mesmo vi uma potra de um ano de vida de grande valor e como ela hoje existem no mercado várias. Temos de ter o conhecimento ou requerer este a quem o tém para que juntos possamos as selecionar. De certo é uma tarefa dura, existirá sempre o risco, mas os preços compensarão. Outro caminho, este mais honeroso é a compra de embriões, selecioná-los também trabalho de profissionais porque requer pesquisa e só alguns a fazem no decorrer dos anos (informações estas que deveriam partir da área de fomento da ABPSL), mas eles nem estão ai com este pequeno detalhe, pesquisa.

Se eventualmente selecionarmos a fundo tudo isso, sempre teremos no meio dos lotes cavalos médios, pois os ruins doaremos sem dó, estes sim poderão ser utulizados para muitos fins, ET, Atrelagem ou lazer.

Isso que indiquei acima, só ocorrerá se eventualmente a Atrelagem e a ET tiver praticantes, o que não ocorre hoje. Resumidamente, estamos no mato sem cachorros. A única saída possível é ter o máximo de atenção á seleção das éguas. Elas são a carro chefe e a segurança de termos sempre produtos de qualidade, sejam quais forem as finalidades propostas entre todas as modalidades existentes, aonde poderá incluir inclusive a vaquejada, aonde paga-se fortunas por cavalos profissionais na atividade.

Adianto caro Alfredo, não existe maior desespero nesta atividade do que abrir-se a janela de manhã, olhar o nosso pasto repleto de cavalos e nenhum nos dar o orgulho que almejamos como criador. Digo-lhe porque já passei por isso quando criei cavalos BH.

Por outro lado podemos ter 450 cavalos, gastar 3 toneladas de ração por mês e nem estar ai com o que der e vier, mas isso é para poucos, tão poucos que são Presidentes e o único interesse nisso é se ver livre dos erros já cometidos e para este fim usam tudo e todos, só que o mercado é implacável.

Vou-lhe responder direto a sua segunda pergunta sem rodeios. A melhor modalidade para o cavalos PSL é o Adestramento e o toureio, como não temos o segundo, ficamos com a primeira.

Espero ter respondido a suas perguntas,

Um forte abraço
nuno

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