terça-feira, 11 de janeiro de 2011

ANALISE DO EDITAL DE TOMADA DE PREÇOS Nº01/2010

ANALISE DO EDITAL DE TOMADA DE PREÇOS Nº01/2010, PROCESSO SAA Nº308/2010
ESCOLA DE EQUITAÇÃO DO PARQUE DA ÁGUA BRANCA

Prezados Senhores António Vagner Pereira, Chefe de Gabinete e José António Teixeira, Diretor Técnico III do Parque Dr. Fernando Costa.
Depois de uma analise detalhada deste Edital, venho através desta informar ser inviável comercialmente qualquer iniciativa empresarial, destinada ao desenvolvimento de uma Escola de Equitação nos termos propostos.
Os custos operacionais superam em larga escala os investimentos primários e caso exista este investimento, a própria Escola de Equitação não pagará mensalmente os seus gastos, tendo como base de calculo o uso de 16 cocheiras e um picadeiro com as dimensões apresentadas, o que obrigatoriamente poderá ser utilizado apenas por uma turma de no máximo oito alunos por período, das 6 da manhã às 18 horas. Quem aventurar-se neste certame, certamente não conhece a mecânica de uma Escola de Equitação e seus custos ordinários, os quais estão muito bem detalhados no memorial descritivo III. Especificações da Escola, nem mesmo têm consciência dos preços praticados no mercado de cavalos professores.
Infelizmente entendemos na nossa vasta experiência de mais de 40 anos administrando aulas de equitação e assessoria de produção de cavalos, tanto em nosso país como no estrangeiro, que o propósito deste Edital é afastar definitivamente a presença do cavalo do Parque da Água Branca. Por mais de 25 anos acompanhamos o “movimento do cavalo” dentro deste recinto, um Centro Histórico e Pedagógico da Agricultura Paulista, oficializado pelo Decreto Nº 43.142, de 02 de Junho de 1998, propulsor do desenvolvimento de todas as raças de cavalos produzidas no Brasil atualmente.
Como agravante, existem neste Parque oitenta e quatro cocheiras de alvenaria, sendo que as mesmas são tombadas pelo CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado), o que significa que elas ocupam um espaço que dificilmente terão outra função a não ser entabular cavalos. Por outro lado, temos a presença de mais de 600 mil crianças matriculadas em Escolas Publicas e particulares nos bairros que circundam o Parque, as quais em sua grande maioria gostariam de ter acesso ao contato com o cavalo e seus benefícios, crianças as quais iriam proporcionar o desenvolvimento de “programas especiais”, como por exemplo a Equoterapia, prática esta existente no passado neste Parque, a qual foi obrigada a terminar sua atividade de grande valia social, por falta de financiamento apropriado, assim como crianças e adolescente portadoras de Transtornos de Déficit de Atenção com Hiperatividade e outros problemas psico-pedagógicos, tornando-se o cavalo o contraponto, pelo simples fato de interagir simultaneamente no inconsciente profundo nos processos de equilíbrio, ritmo, limites e comunicação. Está comprovado o papel decisivo do cavalo no desenvolvimento motor e intelectual de todas as crianças submetidas ao convívio com o mesmo.
Não entendemos também quais os benefícios diretos do Parque no aluguel de uma área para os trabalhos, com uma Escola de Equitação, a qual traga um retorno para este aproximadamente três mil reais.
Nossa proposta a qual a primeira fase de certo só poderemos tecer elogios por existir uma licitação, fato este único nestes últimos dez anos, na utilização de um espaço publico e de propriedade da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, têm como principio propor uma renda para este Parque em percentuais perante a demanda nas atividades a serem desenvolvidas em seu interior, inclusive patrocínios, o que definitivamente fica vetado pelo Edital no item VI. Obrigações e Responsabilidades da Permissionária, nº 39 do Memorial Descritivo.
Conforme descrito em nosso Projeto da Escola Nacional de Equitação (E.N.E.) é criar-se uma instituição de ensino da Equitação a qual permita não só formar cavaleiros os quais depois de diplomados poderão tornar-se usuários de cavalos, como também desenvolver a capacitação de profissionais para servirem nas necessidades de produtores de cavalos num mercado globalizado e de grande necessidade de profissionais especializados. Desta forma o “know How” desenvolvido neste programa poderia ser facilmente propagado para todo o Brasil através de um sistema de comunicação, divulgando todos os detalhes técnicos através da WEB, tanto de cavalos como de cavaleiros para todos os interessados os quais tivessem acesso a um computador.
Temos também pleno conhecimento, que tudo o que propomos em nosso projeto pode ser efetivado dentro do Parque Dr. Fernando Costa, dependendo apenas para esta realização de uma política de vanguarda, aonde os benefícios serão de todos, mas acima de tudo da própria existência deste Parque com características próprias e irreversíveis. Nossa visão nos permite observar não só os benéficos diretos à população em geral, como também construir neste local no decorrer dos tempos uma visibilidade ímpar deste na Cidade de São Paulo, tendo como partida um Show Eqüestre Permanente, sempre bem vindo por todos os visitantes deste Parque historicamente.
Nos moldes apresentados neste Edital, priva fazer-se deste local um “Show Room” das raças de cavalos produzidas no Brasil, assim como qualquer iniciativa progressista de vanguarda visando o desenvolvimento da prática da Equitação em nosso Estado e em nosso país, tendo como sinal destes novos tempos de mudanças, os próprios representantes nacionais nas Olimpíadas e Campeonatos do Mundo, terem a sua origem em classes sociais menos privilegiadas e de origem rural.
Propomos neste texto uma analise mais detalhada deste Edital, visando não perpetuar-se o que vimos observando no decorrer destes últimos 10 anos, aonde por muitas vezes relatamos os grandes riscos envolvendo esta atividade no Parque, aonde foram sempre utilizados animais sem a mínima preparação para a função desejada, professores sem a postura desejada, muitas vezes sem consciências dos riscos os quais colocam as inocentes crianças, numa pratica esportiva de grande índice de acidentes fatais no mundo.
Indiretamente, propondo-se um trabalho dentro dos moldes apresentados não teremos acesso aos melhores professores e como agravante será inviável manter-se nesta Escola de Equitação os melhores cavalos para esta função aonde exige destes animais uma carga horária de trabalho forte, tanto fisicamente como moralmente. Para este tipo de pratica, aonde primariamente buscamos a segurança, estes cavalos terão de ter grande qualidade e sendo assim, estes terão sempre um preço alto no mercado especifico. Não existindo estes investimentos colocaremos seriamente em risco todos os praticantes deste esporte, como vimos a observar no decorrer desta última década no Parque Dr. Fernando Costa.
Temos a certeza que estamos em posse de uma possibilidade ímpar de reverter toda a filosofia empregada relativa a cavalos no Parque e buscar através do bom senso e a técnica especifica um desfecho de melhor qualidade, não só para o custeio deste Oásis da Cidade de São Paulo, como também para toda a Eqüinocultura Nacional.
Atenciosamente,
Nuno Coelho Vicente
(Diretor do projeto E.N.E.)

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