terça-feira, 15 de abril de 2008

DESENVOLVIMENTO COMERCIAL DO CAVALOS DE DRESSAGE NO BRASIL

O Adestramento no Brasil sempre foi das três modalidades eqüestres Olímpicas a mais débil e a menos significativa em termos comerciais para a Eqüinocultura do cavalo de esporte no Brasil. Certo é, que nos últimos seis anos teve um crescimento devido à participação do PSL e de beneméritos. Até então era uma modalidade restrita a “quartéis” com uma equitação praticada no do século passado, originada na missão francesa que passou pelo Brasil, precisamente pela Escola Militar do Exército na década de 40 no Rio de Janeiro.
O PSL descobriu no Adestramento a única função plausível no país, já que Touradas Eqüestres não podem existir. Adaptando o cavalo PSL à modalidade do Adestramento, em poucas décadas, o PSL criado no Brasil estará definitivamente desfigurado de sua morfologia originária e milenar devido exclusivamente aos “modismos” e comércio, comprometendo definitivamente a sua “montabilidade” histórica, como cavalo de trabalho em “terrenos curtos”. A busca por maior altura e melhor qualidade do trote, em algumas décadas, se não for fixado o tipo, buscando neste tipo os melhores elementos e principalmente nas éguas importantes a transferência de embrião, juntamente com o “marketing positivo”, pelo menos no Brasil o cavalo estará definitivamente sem identidade, sofrendo o risco de ser um sub produto dos cavalos de esporte europeus. Este risco não podemos permitir, nem como portugueses, nem como apaixonados por esta raça. O cavalo Lusitano, sempre teve o seu mercado e sempre terá, independente à modalidade esportiva a ser praticada, pelo fator mais importante de todos, sua disponibilidade para o trabalho, sua “psique” e suas conexões permitirem a “reunião” com maior facilidade. Todos falam, todos brigam, uns fazem “loucuras” , mas poucos pesquisam seriamente e publicam os seus estudos, para criar-se um canal de dialogo interessante e construtivo.
Passei 10 anos defendendo o cavalo Lusitano de Dressage, hoje vejo que cometi um erro e terei de “rever os conceitos”. O cavalo PSL têm de ser protegido em nosso país e aonde for (como em todas as raças, temos os bons e os ruins), da ânsia de alguns de se fazer um cavalo comercial, para vender para os norte americanos. Hoje entendo as palavras dos antigos mestres e de alguns “pensadores” e amigos mexicanos e norte americanos. Para agravar toda a condição do PSL no Brasil, caímos na questão da falta do conhecimento elementar de produção e registro aqui também a falta de interesse da grande maioria dos criadores, em buscar o conhecimento específico. Poucos conhecem o PSL, o seu significado para o povo português, continental ou além mar, sua história, sua morfologia, suas funções, suas habilidades, de onde vêm e nem pensam para onde vai, num país em que “quem tem um olho é rei” todo o tipo de ação é permitida e torna-se perniciosa devido ao marketing de alguns e penetração que estas ações atingem devido exclusivamente à falta de capacidade de analise de grande maioria, por falta de elementos para entendimento e pesquisas direcionadas, tornando as pessoas alvos frágeis deste “marketing enganoso” e de modismos de momento..
Três elementos são fundamentais para a analise do fator pernicioso; de um lado colocam-se os “marqueteiros”, do outro os gerentes de haras com pouca instrução e falta de capacidade ou interesse de renovação, pessoas simples intelectualmente e no outro plano, novos veterinários que chegam ao mercado e precisam trabalhar com pouca informação ou estudo direcionado ao PSL, nem mesmo ao cavalo de esporte, verdadeiras “locomotivas”, aonde para os leigos um diploma significa alguma coisa, principalmente conquistado nas inúmeras faculdades de veterinária particulares do Brasil de baixa qualidade, sem nenhuma especialização especifica, mesmo porque não existe no Brasil e aqueles que tem maior experiência estão envolvidos na venda de cavalos, função esta que os transforma em comerciantes e não médicos veterinários.
Para colocar as “tintas finais” neste “quadro” sobre o PSL dito de “Dressage”, a “moda” do momento, temos uma Associação sem fomento e sem informação, dividida entre grandes e pequenos, tendenciosa, com características de “cartel”, aonde em maio de 2007 num leilão nacional a média de cavalos machos vendidos não paga o alimento recebido por estes durante sua criação, tendo centenas de éguas PSL sendo destinadas para “barrigas de aluguel” para servirem a outras raças, ou mesmo mortas em alguns casos.
Esta situação sem duvida alguma, abre as portas para o cavalo “Warmblood de Dressage”, pelo fato do mercado nacional e internacional, perceber que o “peixe vendido” não corresponde à realidade e que a mentira cedo ou tarde virá à tona, tanto nos picadeiros nacionais como nos estrangeiros em muito breve. Conceito não diferente do Brasil atual, verificando-se uma demandada de alguns que procuraram o cavalo Lusitano e retornaram a adquirir cavalos warmblood novamente, na Holanda, na Suécia ou na Alemanha.
Do outro lado temos a história dos cavalos de Adestramento do Brasil que até há década de 80 era formada de Puro Sangues Ingleses de carreira em sua maioria. No final anos 80 apareceram os Warmblood’s originários de linhagem de Salto com os predicados de serem cavalos que não tinham a habilidade para o salto e por isso eram (adaptados) ao Adestramento, fora raras exceções.
No final da década de 90, isso mudou e alguns (não mais que cinco pessoas) Sr. Stewart (RJ), Sr. Jorge Rocha (SP), Sra. Maria Mantegaza (SP), entre poucos outros, importaram animais especificamente para a prática do Adestramento, mas nunca para a formação de um programa comercial de criação de cavalos para a Modalidade. Não posso esquecer-me do criatório “Grama Verde com seus Trakenner’s”, certamente o primeiro programa nacional direcionado ao cavalo de Adestramento, exclusivamente.

Como em todos os pântanos existem flores – no Brasil alguns “pensadores” buscaram soluções plausíveis e comerciais para antecederem-se ao que iria acontecer em “cinco” anos. O fato de colocar “cinco” anos é importante, porque é o tempo que demora entre o cruzamento genético de uma égua, há venda deste produto apenas com o ensino elementar e é em cinco anos que a comunidade eqüestre tem uma renovação de quase 50% de seus participantes (outro grande problema, mas desta vez coligado à falta de longevidade nas políticas de fomento da CBH e regulamentação de professores de Equitação no Brasil, principalmente na modalidade de Adestramento. Como exemplo mais efetivo desta informação, na Suécia existem mais de 600 escolas de Equitação formando professores nas Modalidades Olímpicas. No Brasil, que eu saiba, apenas a Escola Militar do Rio de Janeiro, mesmo assim sem amplitude nacional. Como nota-se aqui nesta breve abordagem do tema, vários caminhos foram desenhados, sem a chagada a um ponto comum...o bom cavalo de Dressage.

O QUE O FUTURO NOS ENCOMENDA EM MATÉRIA DE CAVALOS DE DRESAGE NO MUNDO.

Respondendo claramente a esta pergunta em poucas palavras; cavalos e éguas que tenham os três andamentos de qualidade superior e que sua “psique” suporte os pedidos, com conexões que permitam a reunião e alavancas e textura muscular que, quando acionadas, provoquem a explosão da impulsão, refletida na imediata resposta à ajuda, mantendo-se a cadência nas transições, tanto para mais como para menos, resumidamente: Força. Hoje mesmo (14/04/08) vi um belo potro de (3 meses), comprado no leilão de elite da Westfalen, por 70 mil euros.
http://www.westfalenpferde.de/Videos_35Elite/Fohlen/San%20Amour-Rosenkavalier.wmv

- Descrição morfológica e psicológica.

a) Formação psicológica – Durante anos debati-me com uma frase existente no Stud Book do cavalo PSL “cavalo sofredor”. Incrivelmente demorei anos com este enigma em minha cabeça, mas hoje está claro no meu entender. O cavalo suporta com mais nobreza a dor, a dor da reunião, a dor das esporas, a dor de pedidos muitas vezes superiores à sua capacidade de performance e atlética, a dor da falta da solidificação das conexões. É vital para o BOM cavalo de Adestramento, suportar a dor, ter uma mente sempre direcionada a servir o cavaleiro e que sua capacidade de fuga seja minimizada por uma morfologia privilegiada e sem duvida, genética refinada. O contraste entre a finura e o receber o pedido de esforço sem relutância é o segredo. Sem esta característica, tudo estará comprometido na evolução matemática do ensino da “Boa Equitação de Adestramento”. Outro fator importante em qualquer cavalo é a “coragem”, o anteceder-se aos obstáculos, sejam eles uma bandeirola, seja um som mais alto, seja um touro de 500 kg correndo em sua direção e ele manter-se firme e parado. Este é o grande e superior exemplo, é a tradução do que procuro no cavalo do futuro em termos psicológicos, resumindo, NOBREZA. Falando em “nobreza”, certamente é a qualidade menos encontrada nos cavalos “warmblood”, por terem em seu passado recente, sangues de origem de tração e muitos bastardos insanos, assim como no PSL em algumas linhagens mais refinadas também, mesmo que se diga ser uma raça pura, caso da Coudelaria Nacional sangues diversos para fins militares e nos “Veigas” sangues árabes, sendo que nos “Andrade”, estes sim sem duvida mais linfáticos.
Na construção do moderno Cavalo de Adestramento, temos de priorizar a moral do cavalo e seu temperamento, quando colocado em esforço. Esse pensamento está diretamente relacionado com as éguas a serem utilizadas no programa de desenvolvimento do projeto, sendo as mesmas não testadas no esporte, nem mesmo montadas, utilizar reprodutoras de linhagens consagradas de cavalos intimamente ligados ao trabalho, com isso nos restam um numero reduzido de famílias.

b) - Morfologia –

- Cascos – Bem constituídos, de coloração escura, sem falta de pigmentação, com formas arredondadas.
- Quartelas – De médio cumprimento, nem curtas como o de tração, nem longas como o PSI.
Boletos – Secos e simétricos.
Canelas – Médias para curtas, mas leves (o cavalos de tração é igual só que pesadas), simétricas na saída do joelho, perfeitamente divididas.
Joelhos – Secos, bem desenhados e simétricos.
Antebraços – Longos e fortes, com o detalhe de ter perfeita inserção na espádua (um grande segredo do cavalo de Dressage, pois ele tanto terá de andar para a frente como para os lados, com amplitude.
Aprumos gerais – Corretos lateralmente e de frente nos 3 andamentos e parado. Para este exame é fundamental o uso de câmara de video e “slow motion” e se tiver acesso uma esteira ergométrica, melhor. Equilíbrio no movimento e peso repartido por igual em dinâmica é outro ponto de vital importância. Falamos para potros de seis meses a cavalos já formados. Esta divisão correta de forças de atrito é o que nos transmitirá a sensação de longevidade do cavalo, fundamental para obtermos o fruto de longos anos de trabalho focalizado, porque todos obrigatoriamente, para serem bons cavalos de “Dressage” terão de chegar a um Grande Prêmio, ou o retorno do investimento estará comprometido.

- Membros posteriores -

1- Ângulos – Membros sem angulação são membros que nos trabalhos de reunião NÃO funcionarão convenientemente.
2 - Corvilhões – Sólidos, simétricos, leves (sem grosserias dos cavalos de tração, pois tamanho nada significa, mas sim força e perfeita função. Em estação, sempre para dentro das pontas das nádegas, na linha de aprumo, sem excessos verificados muitas vezes nos cavalos PSL.
3 - Canelas – Levemente com inserção para debaixo da massa, ângulo quase imperceptíveis.
4 - Boletos – Fortes e simétricos. Sem uma impressão de pesados, com todos os seus tendões e ligamentos salientes.
5 - Quartela – Angulação mediana de tamanho médio, que transmitam solidez.
Inserção de cauda - Nunca alta (sangue arabizados) e demonstração de tensão nos músculos da linha superior do dorso. Uma inserção natural no perfeito “design” do corpo do cavalos a ser observado, de caimento natural em repouso ou no trabalho.

Movimento dos membros –

1 - Passo – Transpistar pelo menos 2 cascos em liberdade, mantendo a mesma performance quando montado de rédias soltas. 4 tempos bem marcados com ritmo. Apoio no solo firme e leve. Deverá ter uma “felinidade aparente”.
2 - Trote – Leveza, suspensão, amplitude, movimentos semi-elevados. Quando em alongamento parecer “parar no ar”. Mas, o trabalho dos posteriores ao trote é o mais importante para analise. Eles têm de demonstrar força, movimento e mecânica perfeito, na busca do centro de gravidade quando em movimento, retos em dinâmica, sem nenhum tipo de desaprumo ou movimento parasita, como dois “pistons” ritmados buscando o movimento, com uma impressão de leveza absoluta, resultante da solidez na leveza do movimento.
Certo é que, cavalos nos primeiros 15 minutos de trote não podem ser observados. Todos sabemos que deixando-os presos em cocheiras 4 por 4 durante 48 horas, todos saem “”voando de alegria”. Andamentos de um cavalo só podem ser observados depois de no mínimo 15 min. de trabalho, potros de seis meses, menos tempo, o que define o tempo é o retorno à normalidade no posicionamento da cauda.
3 - Espáduas –Livres, leves, tanto para a frente como em trabalhos em terrenos curtos e laterais. Longas de boa angulação, mas, aonde nunca os membros anteriores nasçam debaixo delas, mas na frente destas.

- Morfologia -
4 - Linha de cima (Dorso e Pescoço) – É dos pontos mais importantes nos cavalos de Dressage ou mesmo nos de salto (nestes associado com a força).

4.1 – Tem de nascer pronta. O caimento do costado é vital na analise e para o flexionamento lateral.
4.2 – Tem de transmitir bom uso da musculação natural, tanto lateralmente como longitudinal.
4.3 – Um sinal excelente é o cavalo trotar ou galopar com movimento independente de cabeça em relação ao dorso, com cauda serena em caimento normal.
4.4 – Cernelha sempre mais alta que a garupa. Esta diferença tem de ser sensível em potros ou cavalos adultos.
4.5– Rim forte e muito elástico. É esta conexão que permitirá o bom uso dos posteriores e a diminuição da base de sustentação em dinâmica.
4.6– Dorsos longos terão de ser descartados (bem que para longos de bom movimento não podemos ser radicais), mas curtos, estes sim, descartados.
4.7 – Cernelhas destacadas sempre são de beleza absoluta e têm origem em cavalos nobres e com finura.
4.8 – O pescoço terá de conectar o movimento do dorso com o ponto mais alto do cavalo – A NUCA- em qualquer situação, principalmente nas transições de andamentos, desde a mais tenra idade. As conexões de inserção na espádua não pode ser baixa em hipótese alguma, nem alta demais em muitas vezes (o que indica um pescoço duro e curto). Quando pensamos em pescoços, teremos de ter a visão de cisnes (finura, harmonia, leveza, secura de formas e ausência de peso). Pescoços longos demais não são favoráveis, curtos descarte absoluto.
4.9 – Como é importante a área do Codilho do cavalo, a conexão de Ganacha e pescoço é de vital importância na performance e no ensino. Ela tem de ser seca, bem definida, regular (comparo a um belo pescoço de uma mulher), quanto mais bem formado mais nobreza ela indica ter. Tem de proporcionar movimentos de cabeça airosos, que permita a cabeça permanecer nos ângulos de 75% em todos os movimentos.

5 - Cabeça – Harmonia de formas, lábios finos e maxilas amplas, aonde permita o bom trabalho do freio e o bridão, dentes corretos e bem colocados, nunca pesada em relação ao corpo, nem fina demais (sangue arabizado)
5.1 - Orelhas – significam nobreza e finura, bom espaço entre elas é bom, perfeito movimento em todos os sentidos. Tem de ser orelhas espertas e à alerta.
5.2 - Olhos – A tradução da alma, doçura é tudo o que buscamos e total integridade.
5.3 - Narinas – Amplas, de bom funcionamento, finas em sua textura.

- Impressão geral –

- Leveza – Tudo o que buscamos.
- Som dos apoios no solo – Quanto menos melhor, tém grande ligação com os “felinos com pegadas marcadas”, mesmo sendo sólidos apoios e bem marcados nos 3 andamentos.
- Que o posterior vá buscar o movimento (vital e eliminatório) nos 3 andamentos.
- Que a frente seja alta em todos os momentos. Membros curtos e cavalos sobre si devem ser descartados.
- Garupas ativas “sentadas” e bem conectadas com os dois corvilhões. Que demonstrem “power”. Uma garupa visualmente atraente, forte e sem sinais de “tração”.
- Galope – Silencioso, leve, amplo, firme, bem marcado nos quatro tempo com bom tempo de suspensão (o sucesso das mudanças aproximadas nascem na suspensão), sem o mínimo sinal de movimento corrido ou desesperado. Comparar com um “galgo” numa pista de corrida pode ser a imagem, ou mesmo um leopardo quando caça, com todas as conexões em harmonia e funcionando como uma máquina perfeita, que mantenha na permanência no andamento as mesmas passadas.
- Trote – Como o de um “bailarino”, até ai é fácil. Mas o dificil mesmo é analisar-se a liberdades das espáduas nos movimentos laterais num potros de seis meses. As boas pontuações numa prova dependem da evolução dos movimentos laterais em progressão em cadência. Temos de analisar os dois aspectos para a frente a para o lado em harmonia e “balanço”, ponto vital de observação. Como o velho mestre dizia “ o cavalo aprende a andar para a frente andando de lado”, “o trote se constrói”, mas não podemos mais nos dias de hoje partir desta premissa. Ele terá de nascer pronto (time is money). Certamente o desenvolveremos, mas ele terá de nascer de uma base já muito boa, porque com a técnica faremos o voar.
- Passo – Obsessão de todo o cavaleiro de Dressage. Passo ou têm ou não têm, é de dificil colocação e desenvolvimento no cavalo e piora quando é introduzido no mesmo o trabalho de “ares altos” Piaffe e Passage. Fundamental o passo, tanto quanto os outros andamentos ou mais. O cavalo PSL tem deficiências de passo, raros têm um passo bom.

- O sonho de todo o vendedor de cavalos –

O cavalo vender-se por ele próprio. Basta a presença dele para todos ficarem encantados, os amadores pela beleza de formas e brilho na expressão, os profissionais por sua atividade e potencial de performance. Este são os cavalos que deverão ser utilizados para investimento. Cabe a poucos saberem o selecionar, pois a seleção dele não está escrita em livros, ou em artigos de revistas, está na vivência de um “homem ou mulher de cavalos”.

O profissional tém de ter um histórico de realizações na sua vida eqüestre No entender, um homem de cavalos tem de montar a cavalo e bem, mas acima de tudo ter montado todo o tipo de cavalos, de diversas raças em diversos continentes, ter escolhido aqueles a quem ouvir e aqueles que não deve ouvir e isso certamente e infelizmente só acontece depois de décadas de dedicação, isso só acontece com a perda da força atlética (pois quando jovem, saltamos muros de dois metros, fazemos percursos incríveis de Cross Country, perfeitas insanidades, aonde colocamos os “coitados” dos cavalos a esforços extremos e só ai podemos notar o seu caráter ( de contraponto, ficamos devendo para estes pela vida a fora), como só podemos julgar o caráter de um homem nas horas de aflição e desespero, no cavalo é o mesmo. Esta relação é que faz do cavalos hoje “ o grande elo entre a natureza e o homem” e com certeza será uma crescente com a globalização, aonde o homem e a mulher buscará nele um refugio, da crescente concorrência profissional do dia a dia, além de encontrar nele a satisfação pelo estudo, numa combinação que não necessariamente terá de ser esportiva.

Um cavalo doce, bem ensinado, bonito (pessoalmente não abro mão deste detalhe), sempre terá o seu espaço no mercado e não existe maior satisfação para um vendedor de cavalos do que ver e sentir a alegria nos olhos de uma senhora ou mesmo uma criança, quando este instrumento desta felicidade foi ele que o induziu e escolheu, assim como também obter lucratividade na transação comercial especifica.

“levar felicidade a quem compra e que o animal venda-se por ele mesmo”. Isso é bem fácil, se partimos de uma base de criação ou de recria com este compromisso bem enraizado dentro de nós. Para os menos privilegiados, ter o equilíbrio do custo/benefício e achar o comprador, porque todo o cavalo tem um comprador e um preço, basta encontrar!

- O melhor negócio –

1) Sem duvida é a recria. Ter a capacidade de comprar cavalos de excelência sem correr os riscos de uma criação e ter a habilidade de “ir nos pântanos e descobrir as flores”, certamente não é trabalho de amadores! Tendo os produtos de excelência, levá-los ao mercado desejado; As pistas e os retângulos de Adestramento. Aqueles menos privilegiados, focalizar, trabalhar e alcançar.
2) Como dizia o querido e saudoso, Dr. João Carlos Ribeiro; “Existem mais clientes de cavalos de um milhão de dólares do que cavalos valendo um milhão de dólares para vender para estes clientes”. Esta frase define o preço dos cavalos e é base de equilíbrio de uma negociação. Quanto conhecemos o mercado, ele nos beneficia com o preço ideal, associada à capacidade de performance do cavalo, genética e beleza. Quando ao potro, o que define o preço é a genética e o tipo, além, é claro do manejo e fatores sanitários. O proprietário e o criador sempre acham que o seu produto é melhor do que realmente o é. Isso é explicado com certa facilidade no Brasil, pela falta de parâmetros reais e pesquisas, ninguém sabe quem é quem, a não ser o dia que o cavalos são submetidos a um teste e neste teste, se for de salto é a média de pistas limpas a certa altura e no Adestramento o percentual conseguido em concursos nacionais e internacionais (de preferência Internacionais) pelo fato destes serem julgamentos por juízes também internacionais, nos diversos níveis de exigência em relação à sua idade. Vai valer, vai ser, é conversa de amador ou mal intencionado, pura “ciganice”.
3) Criar – Só com o extremo profundo conhecimento dos cinco elementos, Genética; Manejo, Performance, Marketing e Equitação, uma criação poderá ter bons resultados financeiros. Por sua complexidade na busca da simplicidade, tendo desde o primeiro momento a fixação pela identidade a objetivar.

- O mercado –

Para nós residentes no Brasil, indiscutivelmente o melhor mercado é o norte americano, mas temos de ter a visão que o mundo é uma aldeia nos dias de hoje e que muitos negócios iniciam-se na Internet, a cada mês mais rápida e eficiente. O teste de sangue tipo Eliza com percentuais de Caballis e Equus nada mais é do que “protecionismo” e por incrível não é direcionado aos cavalos latino americanos, mas sim à massiva importação por parte dos norte americanos de cavalos europeus, simples proteção de mercado. Sabemos também que estes, são um povo consumidor e não criador. Por isso pagam, mas o fazem com bases técnicas muito desenvolvidas em todas as modalidades eqüestres, pelo fato de terem investido principalmente na importação de “mestres” europeus, o que os educou e criou um “standard” de cavalos em todas as modalidades, fazendo do “pára-quedista amador” espécie extinção, com um fator complicador que é a internet (uns queimam os outros com muita facilidade). Todos os anos passo alguns dias do mês de Fevereiro em Wellington, Florida, hoje junto com a Costa do Sol na Espanha, o melhor mercado de cavalos do mundo. Para ter-se uma idéia do que representa este mercado para o Município de Palm Beach, Wellington são movimentados no período 3 bilhões de dólares (não errei, é bilhões mesmo) com a industria do cavalo, que envolve desde hotelaria, aluguel de casas, venda de empreendimentos ligados ao cavalo, investimentos em estruturas cada vez maiores, comercio de cavalos, imobiliário,etc. Cada vez mais os “snow birds”, como dizem, usam a Florida para este fim. www.horsesportusa.com , “The sky is the limit”.

- O objetivo da MONTABRASIL é criar um entreposto de cavalos na região de Orlando FL, visando sair do intermediário e dar garantias da entrada do cavalo nos EUA, pois ele já estará lá, tornando a comercialização mais fácil e “saindo do fogo amigo dos concorrentes”(o espaço físico já existe, www.wbequestrian.com) Certamente estes cavalos, terão de ganhar em competições, com isso a premiação servirá para amenizar o custo de manutenção individual, além de uma programação de vinculação ao mercado competente. Uma empresa de administração e marketing, não só fará a logística de transporte, trabalho específico e manejo destes animais, assim como venderá ou alugará as cocheiras disponíveis no empreendimento para criadores nacionais de cavalos PSL e de esporte. Este empreendimento também conta com chalés equipados para receber cavaleiros e proprietários.
Formando-se este conjunto de ações interligadas, grupo seleto de criadores compromissados com a qualidade, com o apoio de nosso governo através do Instituto do Cavalos e patrocinadores, este sonho tornar-se-á uma realidade com certa facilidade, dependendo apenas do “Know How” do administrador e sua lisura profissional, vital para a longevidade do programa.
Quem se antecedeu aos acontecimentos na raça PSL, está transferindo os seus leilões anuais do solo brasileiro para solo norte americano e com sucesso (fazendo com que o cliente final, não mais tenha de viajar a nossa país, tirando qualquer criador nacional do páreo), pelo motivo acima explicado, este empreendimento torna-se uma necessidade.
Existindo um grupo de exportadores tudo é mais fácil, toda a logística é facilitada, inclusive toda a liberação sanitária e negociação com companhias aéreas, despachantes, etc. Esta falta de união entre as frentes de produção é responsável pela mediocridade existente, aonde se fazem leilões nem sempre verdadeiros, aonde quem tem um olho é rei, deteriorando ano a ano a qualidade, visto o Leilão Luso Brasileiro deste ano. Há que ser profissional neste segmento se pretendemos ocupar um espaço no mercado internacional e a palavra chave é: CREDIBILIDADE.
Falar em mercado nacional, num país socialista e corrupto, como é o Brasil nos dias de hoje certamente é complicado, qualquer verba que saia do Instituto do cavalo, sempre terá de ter um ágio de 20%, dinheiro este para a corrupção. Quem tem dinheiro no Brasil, não compra cavalos “tupiniquins”, vai na fonte e os compra diretamente, em Portugal, na Holanda ou em qualquer outro lugar, por ser um fato de herança colonial, mas a esperança é reverter este quadro. È uma filosofia de país colonizado que nunca terá sua segurança, a não ser no Futebol, que é uma indústria que gera milhões de lucros na venda de jogadores e consolidada pelas inúmeras vitórias internacionais.
Outro aspecto de muita importância é a transação financeira. Cavalos são bens perecíveis. Ninguém pode atribuir valores a este bem, devido a este fato, torna-se uma aposta que pode render muitos lucros e estes revertidos em movimentos financeiros legítimos em qualquer parte do mundo (Existe a compra por 100mil no Brasil, o exporta por 2 mil US, a venda lá será por 100 mil US$ e este dinheiro poderá ser enviado pelo Banco do Brasil e receber-se aqui no Brasil em reais, não existe imposto sobre lucratividade, não existe controle sobre valorização de cavalos, isso permite uma margem a múltiplos negócios paralelos, visto que cada vez mais os instrumentos de controle estão mais agressivos). Sendo assim, permite a legalização “oficial” de fundos não declarados. No decorrer dos anos, com a famosa “malha fina” dos governos, torna-se mais um caminho comercial crescente e seguro, para o comercio de cavalos, igualando certamente a ações das empresas religiosas em nosso país, com a diminuição gradativa dos paraísos fiscais e maiores controle em movimentações financeiras.

- Não existem bons cavalos sem bons cavaleiros-

Tenho a certeza que a frase acima é uma certeza e mais, 80% de nossos cavalos de qualidade superior são “danificados” na origem, no ensino elementar. No salto, muitas vezes paro olhando o picadeiro central de Santo Amaro (o maior do país), um desastre, uma falta de padrão, uma falta de conhecimento absoluto da “Boa Equitação de Salto”. Escrever livros não serve de nada, as pessoas não lêem.
Mas, “existem as flores nos pântanos”, mesmo que os alemães os chamem de “BUGRES”, como aconteceu faz poucos meses na revista “Ritter Revue” (a segunda maior revista de cavalos da Alemanha), são jovens cavaleiros esforçados e de muito potencial, pelo menos no Adestramento, aonde trazem com eles a influência Ibérica e estão abrindo os olhos para o mundo, através dos “modismos” da equitação competitiva ideal, que nem sempre é a “boa”, para certos tipos de cavalos, principalmente os “fracotes” Lusitanos, mais ágeis do que fortes.
Estes sim são a nossa fortuna, que precisa ser trabalhada, objetivada e incentivada e paga.

- Quais os caminhos –

1) Produzir cavalos sanitariamente e radiologicamente em condições de serem exportados.
2) Um bom programa de manejo e desenvolvimentos dos mesmos, bom capim, boa alimentar suplementar, vacinas, vermífugos, entre muitos outros detalhes, como clima, água, pedologia, etc.
3) Formação de equipe de funcionários, de tratadores a cavaleiros, com incentivos pré-estabelecidos e possibilidade de trabalho fora do país, como alguns já o fazem.
4) Equipe veterinária competente.
5) Coordenador técnico informado e globalizado, um verdadeiro “homem de cavalos”, obcecado por atingir as metas definidas, que domine todas as áreas de atividade da industria do cavalo.
6) Investidores e criadores certos e confiantes na Equipe formada.

Depois de 30 anos no mercado nacional, mais de um milhar de cavalos vendidos, 250 exportados, tudo diretamente, inúmeros alunos formados, 5 Olimpíadas, 4 Pan, 3 mundiais, infinitas milhas dentro de aviões com ou sem cavalos, certamente nossa margem de erro é minimizada nos múltiplos detalhes de um empreendimento de Eqüinocultura; devido a isso, “respiramos cavalos” desde os primeiros concursos feitos aos seis anos de idade, lá em outro continente.

Sandro Hit - http://www.youtube.com/watch?v=tFESpYNnimE
Don Schufro - http://www.youtube.com/watch?v=VQuN1ijTXBY

Para finalizar, pois o sol está nascendo em São Paulo, tenho neste momento dois caminhos claros em minha mente. Um selecionar o PSL e buscar as melhores famílias e multiplicar tudo isso o mais rápido possível, buscando solidificar o tipo. A outra, buscar nas éguas lusitanas, conjugadas com os melhores sangues europeus, ou vice versa (preferindo a primeira opção) o cavalo dito “Universal”. Podemos dar para este cavalo o nome de Lusitano de Dressage, Cruzado Lusitano, o que for, mas o nome lusitano terá de estar presente e o registro deste cavalo junto da ABPSL, no caso do Brasil, com é nos EUA, etc. Mas, certamente temos de parar de buscar transformar o PSL num sub produto do cavalo Europeu, por certamente o será, pelo fato deles estarem muito na frente em sua seleção de tipo, o bom cavalo de esporte, hoje especialista em cada modalidade.

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